domingo, 1 de março de 2009

o sopro

trabalho, trabalho, trabalho. gosto, acredito no meu trabalho. sei que ele eh relevante pra algumas pessoas. mas, eh claro, acordo cansada as vezes. assim foi sexta-feira:
fui na escola de segundo grau de north andover falar sobre a importancia da educacao, da importancia em continuar depois de terminado o segundo grau. falei, falei, falei, citei numeros, estatisticas, contei conversas que tive com minha mae quando mais nova, contei piadas (sim, eu consigo contar piadas quando encarno minha persona professora!!!)... mas nunca nenhuma historia poderia ser mais contundente que aquela que estava pra ser dividida. a dona da historia eh uma senhora de 60 e poucos anos, o cabelo grisalho. nasceu e cresceu em north andover, uma cidade de alguns poucos mil habitates ao norte de boston. nasceu numa familia pobre, o pai nao terminou o segundo grau, a mae terminou a duras penas. foi a primeira filha de muitos (nao lembro exatamente quantos), tinha que trabalhar pra ajudar em casa. mas queria mais: terminou o segundo grau contra a vontade do pai, que a queria logo livre pra trabalhar expediente completo. queria ainda mais: se virou e comecou a estudar no northern essex community college. terminou com muita dificuldade, mas teminou. e aih comecou sua segunda luta: que os irmaos tivessem a mesma oportunidade que ela. bancou quase todos eles durante os anos de faculdade, comprou briga com o pai, com a mae, mas nao mediu esforcos. todos os irmaos se formaram, todos tem uma profissao, todos tem uma vida confortavel e, juntos, propiciaram aos pais, que nao os queriam na escola, uma velhice de conforto e seguranca. todos adotaram seus filhos, porque queriam dividir com outros a chance que tiveram de melhorar nessa vida. nessa hora, nossos olhares se cruzaram e eu tenho certeza que ela viu a emocao nos meus olhos. do mesmo jeito que eu vi naqueles olhos azuis escuros a forca de quem acredita. ninguem jamais conseguiria transmitir aquele recado com a mesma intensidade.
saih de lah energizada, renovada. abri a janela do carro, senti o vento bem frio, me acordando, reiterando minha crenca nesse sopro de vida que eh a educacao. meu cansaco havia ido embora.

2 comentários:

  1. maricota, que lindo.
    me arrepiei todinha e tenho vontade de mostrar a todo mundo.

    tenho muito orgulho de vc.
    um beijo.

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