segunda-feira, 30 de novembro de 2009

cumade

a vida eh feita de momentos, alguem vai dizer. faz tempo jah que nao acredito nisso... minha pouca experiencia me diz que a vida eh feita de pessoas; essas, sim, fazem, determinam, moldam como hao de ser os momentos da nossa vida. ao longo da caminhada da vida, vamos acumulando pessoas, que nos propiciam momentos, que partilham momentos, que marcam momentos, que definem momentos. algumas dessas pessoas sao barreiras, marcos de momentos dificeis. outras, em contrapartida, sao presentes, marcos de momentos bons.
essas, as que marcam bons momentos da minha vida, se eternizam. como a minha comadre... como tudo que a gente partilha, como o amor que a gente troca, como o apoio a gente se dah quando tem alguem com a corda no pescoco. de mim, nunca passa despercebido quando ela tira minutos (muitos!!!!) do tempo contado que ela tem pra me dar de presente, pra conversar ao telefone, pra me contar as ultimas do meu afilhado, pra me dizer uma palavra de estimulo. nunca.
alem de comadre e amiga indispensavel, ela eh meu modelo de mae. quando eu for mae, quero ser igual a ela, sem tirar nem por. ontem, a filha mais velha veio ao telefone pra contar pra tia mari sobre o ela mesma chamou de noite mais feliz da vida: uma festa surpresa, com algumas amigas, organizada pela mae atenta e cuidadosa, que ouviu um desejo da filha. um desejo bobo, que a muitos passaria batido. mas que a comadre sabe ouvir como ninguem. nao, nao eh fazer vontade - eh parar pra ouvir, eh ver o filho como ele eh, nao como se imagina. eh perceber que o filho pode, sim, ser diferente de si, e que isso nao lhe faz ser menos.
elas dormiram felizes, numa noite que uma crianca se sentiu amada e uma mae viu o sorriso mais feliz desse mundo iluminar um bairro inteiro de uma cidade no nordeste do brasil.

domingo, 29 de novembro de 2009

novembro

novembro, pra mim, foi mes de falar pouco. novembro foi o mes de escutar, nao o que me diziam as pessoas ao meu redor. foi o mes de escutar o que me diz o universo, em constante mutacao e conspiracao - a favor, assim eu acho. novembro foi o mes de ter certeza, de perceber os sinais, de encontrar as respostas nos acontecimentos mais causais, sem qualquer ligacao aparente com o acontece de fato na minha vida.
pela primeira vez, em seis anos de eua, por pouco nao tive programa pro thanksgiving, feriado em que as familias se encontram. nao foi por acaso, nao pode ser. pela primeira vez, desde que comecei a falar em voltar, alguem me fez uma proposta concreta de trabalho. e uma outra possibilidade comecou a tomar forma, ainda muito incipiente, mas jah com alguma forma. nao foi por acaso, nao pode ser.
passei mais um feriado prolongado sozinha em casa. o telefone nao tocou, a nao ser pelos de sempre, aqueles que estao sempre presentes. mas jah aprendi a lidar com a situacao. e sou eternamente grata pela existencia dos bons livros, do cinema e da musica, que ocupam o tempo e os espacos vazios. sei, e sinto, que nao estou soh.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

pra encontrar iracema

ela me espera. ainda virgem, mel nos labios, cor na pele. ela se banha nas aguas calidas daquele mar verde, brinca de subir e descer com as ondas da praia do futuro. ela me espera enquanto eu ainda sinto frio e vejo o mundo seguir em frente todo dia.
daqui a um mes, a encontro (quase) como a deixei no comeco de junho, depois dos dois aniversarios mais felizes de 2009. um celebrado numa fazenda do sertao, regado a amor, cerveja e musica. o outro celebrado no asfalto da cidade, regado a amor e cerveja.
ela vai me ofercer carangueijos, peixes, filet da vovo. ela vai me oferecer o mar verde. ela vai me permitir ver o caminho, que jah estah tracado, embora longe do meu alcance. ela vai me oferecer o circulo, dentro do qual em tenho a nocao mais completa do que eh pertencer.
a cidade dela eh feia e bonita. me recebe de bracos abertos, me faz ter vontade de ficar. mas tambem me mostra a cara feia, os dentes expostos de raiva, de tristeza, de frustracao, de medo. a cidade eh muita gente.
temos um encontro marcado, eu e iracema. e falta soh um mes.

domingo, 22 de novembro de 2009

todo mundo precisa de bencao

eh melhor ser alegre que ser triste
a alegria eh a melhor coisa que existe
eh a assim como a luz no coracao
mas pra se fazer um samba com beleza
eh preciso um bocado de tristeza
senao, nao se faz um samba nao
fazer samba nao eh contar piada
e quem faz samba assim nao tah com nada
um bom samba eh uma forma de oracao
porque o samba eh a tristeza que balanca
e a tristeza tem sempre uma esperanca
de um dia nao ser mais triste nao
ponha um pouco de amor numa cadencia
e vai ver que ninguem no mundo vence
a beleza que tem um samba, nao
porque o samba nasceu lah na bahia
e se hoje ele eh branco na poesia
ele eh negro demais no coracao
vinicius de morais e baden powell

cantei o samba, ontem, enquanto nao sabia o que fazer com aquele dia lindo que se descortinava, com o brilho do sol na agua do kenoza lake, com o vento gelado que me acordava a musculatura e dizia: corra, corra, corra. cantei, cantei, cantei. e por osmose ou insistencia, a letra da cancao me ensinou a licao: quando a tristeza bate a porta, eh favor deixar entrar. ela precisar se instalar, pra poder, um dia, ir embora. deixei minha tristeza entrar. fiz dela minha companhia, beberiquei sua docura com vinho, utilizei-a de tempero pra carne, pro sangue. de combustivel para pulsacao que nao para em minhas veias. ela chegou, juntou sua cadencia a minha, fez tum-tum junto com meu coracao. e foi.

domingo, 15 de novembro de 2009

a vida nao para enquanto tudo dentro de mim estah parado, esperando o ano que vem, esperando maio, esperando a mudanca que planejei. chove, faz sol, as criancas brincam na rua, o cinema exibe filmes novos, o mes caminha do meio pro fim com uma rapidez incrivel. a agua passa cada vez mais rapida embaixo da ponte. a vida nao para enquanto eu aturo, as custas de muita energia, os piores alunos que eu jah tive na vida. a vida nao para nem mesmo porque aqueles a quem amamos jah nao estao mais perto. nao, de jeito nenhum, nem por um minuto a vida para.
eu aprendi a ter pressa. aprendi que era preciso correr, ir atras, dizer o que se sente. era preciso nao deixar que as oportunidades passassem. nem sempre eu consigo, mas o apredizado tah aqui. e eh por isso que ficar parada - esperando maio, esperando o ano que vem, esperando dezembro, o natal, os encontros todos, nosso reveillon na praia - eh dificil pra mim. desde o ultimo verao, quando a decisao ficou clara, mesmo quando eu ainda sofria com a despedida, percebi que andava cozinhando minha vida em banho-maria. nao me permiti fazer novos amigos, nao me permiti viver nenhum amor, nem mesmo uma paquera sem grande repercussao. eu sei qual o caminho em que preciso caminhar.
faz muito que nao tem duvida nem no meu pensamento, nem no meu caminhar. eu sei o que eu quero, sei o que eh preciso fazer. tenho medo, sim; esse estah sempre por perto, mas nao nao consegue me fazer parar. assito da minha janela a vida que segue. a vida segue sempre.

domingo, 1 de novembro de 2009

prece

leveza

delicadeza

generosidade

alegria

partilha

fe

amen.