segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

feliz ano novo

no país tropical, abençoado por deus e bonito por natureza: tem-se por costume só começar o ano depois do carnaval. antes, estão todos meio de férias. depois, todo mundo se apruma, todo mundo começa a colocar em prática suas listas de fim-de-ano, todas as resoluções do mundo tentando sobreviver à pressa nossa de cada dia.
é bem verdade que meu ano começou aos 20 e poucos de janeiro, quando entrei naquele avião rumo ao norte geográfico, deixando pra trás meu norte sentimental. até 20 e poucos de janeiro, meu tempo estava parado, impossível de ser contado em minutos ou dias. meu tempo era contado em conversas, em olhares, em abraços, em banhos de mar ou na piscina da serraninha. lá, meu tempo valia tanto que eu conseguia viver muitas vidas em uma: ali tudo tinha a intensidade do muito.
minha lista pra 2010 é muito mais curta do que a de outros anos. depois de um 2009 de pernas quebradas, quero pouca coisa. mais que pouca coisa, tudo o que está na minha lista é simples. em vez de paris ou milão, eu sonho com uma mesa de café-da-manhã posta em fortaleza, em baturité, na joatama, na taíba. podemos até ser muitos ao redor da mesa. mas a nossa conversa é simples, é cotidiana, é da partilha mais sem ambição desse mundo. podemos nos presentear com o luxo da simplicidade do que é rotineiro, porque somos ligados com profundidade. precisamos de poucas palavras porque temos muito sentimento. e de sentimento não se diz, sentimento é indizível.
foi mesmo assim que 2010 começou. éramos poucos naquela praia. falamos do mar, do fogo, e entre beijos e abraços, nos calamos pra sentir. entre pular uma onda e dar um abraço, eu me calei pra chorar, pra deixar saírem de mim as impressões de 2009. e foi assim que, começando 2010, com tudo que é absolutamente imprescindível perto o suficiente pra que eu pudesse sentir, entendi que tudo o que eu preciso é pouco, é simples. pra 2010, eu quero que sejamos todos felizes. e nada mais.

ps: no telefone, ela me disse que o ruim é quando eu to lá e o tempo passa muito rápido. e eu me dei o presente de poder responder-lhe: se preocupa não, meu amor, que o tempo vai passar na medida certa a partir de junho.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

por um fio

conversei com ela hoje. eu a morrer de frio aqui, um mundo todo branco de neve ao meu redor, ela a morrer de calor lá, na cidade que se vê todo dia abençoada pelo cristo. nós duas, ligadas por esse fio invisível que a maioria chama de amor, entendemos que o sentimento é mais legal quando reforçado pelas atitudes: atenção, cuidado não fazem mal a ninguém. contei-lhe que relações superficiais nao me interessam, não invisto mais tempo nelas. ou em quase nenhuma delas.
e foi só eu e ela encerrarmos nossa conversa que o telefone tocou novamente: era ele. eu e ele, também ligados pelo fio invisível. não é nada, ele diz, só saudade. só vontade de conversar, contar as novidades da semana, partilhar o cotidiano, me contar dos meus três amores mirins.
e eu aqui registro: só saudade? saudade não é nunca só, pouca, saudade não pode ser nunca minimizada. saudade é sempre grande, acompanhada. saudade é e pronto.