sábado, 17 de janeiro de 2009

a ideia, o nome

Com licença poética

Adelia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tao feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não eh amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avo.
Vai ser coxo na vida eh maldição pra homem.
Mulher eh desdobrável. Eu sou.

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