sexta-feira, 2 de setembro de 2011

setembro

para mim e para os meus, setembro reinaugura saudades. elas completam anos, renovam ciclos e, num eterno modificar-se, perduram em cada um de nós. em uns, é maior, mais intensa, mais latejante. em outros, é menor, menos diária. mas é igualmente saudade em todos nós, porque sabemos que nunca mais seremos nós completos.
lembrei-em hoje, num banho de mar de homenagem à saudade, que mia couto um dia escreveu:
"Cruzo o rio, é já quase noite. Vejo este poente como o desbotar do último sol. A voz antiga do Avô parece dizer-me: depois deste poente não haverá mais dia. E o gesto gasto de Mariano aponta o horizonte: ali onde se afunda o astro é o mpela djambo, o umbigo celeste. A cicatriz tão londe de uma ferida tão dentro: a ausente permanência de quem morreu. No Avô Mariano confirmo: morto amado nunca mais pára de morrer."
Mia Couto em Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra

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