sábado, 8 de janeiro de 2011

o mar e outros tesouros

meus últimos meses foram assim: um dia após o outro, com uma noite no meio, num exercício da paciência que eu não tenho. ouço diversas vezes, de diversas pessoas: que é assim mesmo, que o momento mais difícil é esse mesmo, que readaptar-se não é fácil, que isso, que aquilo e mais um monte de coisa que não me serve muito de consolo. mas caminhar na vida é assim, e, se tem uma coisa que eu já aprendi nessa caminhada é que não há mal que sempre dure. um dia, essa fase ruim vai passar as coisas entrarão nos eixos como se nunca de lá tivessem saído.
apesar de tudo, sigo a colecionar tesouros em várias texturas e formatos. o mar de águas cálidas da terra de meus antepassados me recebe constantemente para banhos de sossego e paz. apesar de a praia estar quase sempre mais cheia do que eu gostaria, quando estou ali dentro consigo me desligar e me deixar levar, pra pulsar no mesmo ritmo das ondas. três crianças aparecem constantemente pra colorir meus dias, me chamam de tia, me amam como eu nem sei se mereço. toda vez que estão por perto - o grupo inteiro ou em pedaços - me pego a pensar que não posso, de jeito algum, ir pra longe deles. a possibilidade de conviver quase no dia-a-dia nos ensinou a dizer tchau sem sofrer, e, ainda assim, aproveitar qualquer cinco minutos com intensidade.
minha família, que me atura até mesmo quando, de tão chata, nem eu me aguento, converge pra cá. de tempos em tempos, nos encontramos pro exercício de amor que é a nossa convivência; esse é mais um tesouro que me bate à porta de tempos em tempos. poder conviver com eles, com os que moram aqui e com os que por aqui pousam de vez em quando é o que eu mais buscava nessa mudança e, posso dizer, encontrei mais amor neles do que eu julgava haver. sei - sinto - que sou amada.
além de tudo isso, há os pequenos tesouros do dia-a-dia, aqueles que fazem a felicidade de verdade, do tipo que se pode sentir em qualquer canto do mundo e carregar pra todo e qualquer lugar. um sorvete no juarez, receber uma ligação da minha avó pedindo um favor, a flores da Serraninha num fim-de-semana... ontem, voltando da casa da ritinha, depois de algumas horas de carinho sem fim, me senti feliz. eu sabia de onde vinha minha felicidade. sei que ela pode se repetir a qualquer momento. é só esticar a mão, alcançar o telefone, discar uns poucos números. esperar que atendam. e chegar. simples assim - como a vida, como tudo o que pode durar pra sempre.

2 comentários:

  1. bom que tu esteja de volta...
    eu também voltei, agora a gente já pode se vê por aqui.
    beijos,

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  2. falta só a tese te deixar voltar pra lá, pro polivalente. to com saudade dos seus escritos. assim que a tese deixar, né?
    beijopratu.

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