terça-feira, 5 de outubro de 2010

momento

entre uma mudança e outra da vida, minha única decisão constante, irrevogável, é a de ser feliz. não precisa ser felicidade grande, não preciso de arroubos loucos e intensos. pode ser uma felicidade comum, dessas a que a gente sempre se refere no diminutivo. um jantarzinho, um encontrinho, beijinhos e carinho sem ter fim. mas mudar não é fácil e, embora eu esteja sempre guiada pela decisão de ser feliz, nem sempre consigo enxergar à frente aquilo que se encontra longe demais pra que eu possa definir.
já não sei precisar mais quando a idéia surgiu. lembro de um momento na fazenda do tio flavinho na joatama, um magote de gente à beira do açude, em mais um dos nossos 'encontrinhos'. tinha comida, tinha cerveja, tinha um violão, pois a gente gosta da trilha sonora que nos acompanha. e naquele momento de simplicidade, bateu um certo desconforto de voltar pra longe. mas passou rapidinho ali, até porque e gente não consegue fazer encontros como aquele todo fim-de-semana. aquele momento se juntou a outros momentos de desconforto: a doença de alguém que carrega em si um pedaço meu, a tristeza na despedida, a sensação de que a distância crescia cada vez que eu vinha de férias e voltava pra lá. ao mesmo tempo em que morar lá era bom - e eu vou ter sempre um pedaço meu por lá - estar aqui foi se firmando como uma necessidade.
estabelecer uma vida aqui não tem sido fácil e eu vou aprendendo mais uma habilidade: a de colecionar momentos e colar uns nos outros pra construir a história que eu quero ver escrita na minha vida aqui em fortaleza. vou juntando aqueles que eu quero que fiquem registrados, marcados, devidamente guardados e colando por cima daqueles que quero ver desaparecer, ou que deixem marcas tênues, sutis na minha existência. e vou vivendo - inteira e entregue - todos os momentos que colo nas páginas em branco que inauguro todo dia de manhã.

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