sábado, 11 de setembro de 2010

nunca

você não está só se três crianças te chamam de tia e te querem bem de verdade. se ficam com você quando os pais viajam e curtem estar só contigo. se te querem no abraço antes de dormir, se te deixam lhes ajeitar o lençol no meio da noite, se chamam teu nome na hora do pesadelo, do dever de casa, de colocar pasta na escova de dente, de contar o acontecimento mais legal da manhã na escola. se elas correm quando você chega pra buscá-las na escola e dão abraços e beijos, perguntando, com a maior naturalidade do mundo, o que é que tem para o almoço.
você não está nunca só quando um sábado à noite, despretensioso, se torna um encontro. a conversa é sem qualquer pretensão, porque todos ao redor da mesa sabem que é nas coisas mais despretensiosas que está o que é de verdade nessa vida. o encontro não precisa ser marcado com antecedência, pode surgir de um fato inesperado, de um acontecimento triste, de uma coincidência da vida. não importa o que fez o encontro possível, importa só que ele exista.
você não está só se tem família. se um simples e-mail desencadeia uma reação e faz com que mãos se estendam. se existe a possibilidade de pedir ajuda, mesmo que eles estejam impossibilitados de te ajudar. não é isso que importa - o que importa é poder pedir, poder gritar.
e saber que não caminha só nesse mundo. basta isso.
eu não estou nunca só.

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