sexta-feira, 20 de agosto de 2010

20 de agosto de 1982

sexta-feira já foi pra mim o dia que antecedia os dois dias da semana sem escola. já foi dia internacional da cerveja, nos tempos da faculdade, no lanches lu, pertinho da linha do trem, entre duas montanhas das gerais. já foi dia de colocar as penas pra cima, cansada do dia de aula, do laboratório com uma das minhas turmas preferidas da minha vida de educadora.
exatamente hoje, sexta-feira, essa sexta-feira 20 foi dia de saudade:
um menino dos cabelos amarelos, de bochechas salientes, de um eterno riso fácil. de abraços e chamegos, de um amor maior que o mundo. meu primeiro neném, minhas primeiras fraldas de verdade, um algodãozinho na testa quando tinha soluço. o menino por quem eu um dia fui bater boca com outro no fliperama perto do colégio. o menino que ficou na escola sozinho um dia, o pai se atrasou por qualquer problema no trabalho. e eu fui lá, salvá-lo daquele pátio já escuro, com direito a pito no pai, sem nem antes saber o que havia acontecido. meu menino e o bilhete que ainda tenho, de quando eu fui fazer faculdade e nós, pela primeira vez, ficamos separados no espaço.
perduram nele hoje o sorriso fácil, o jeito mole de falar de filho caçula. perduram em mim as lembranças doces da casa da rua das dálias e o amor maior que o mundo. esse, o amor, há de perdurar sempre, maior que o mundo, profundo e até sofrido. mesmo que entre nós haja kilômetros e tempo. mesmo assim, mesmo que qualquer coisa aconteça, eu tenho certeza do amor que cresceu junto com o menino de cabelos amarelos que se transformou no homem de cabelos castanhos que continua a ser, antes de tudo, meu menino de cabelos amarelos e riso fácil.

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