sábado, 17 de outubro de 2009

metafora


no outono, nos despedimos. vao-se os dias de calor, em que as pessoas se abrem pra vida, se abrem pros outros. vai-se, por meses, a possibilidade de tirar da terra o alimento. vai-se a possibilidade de brincar no parque, de usar chinelo de dedo, blusa de manga curta, tomar sorvete sentado na mesinha ao sol da sorveteria. despedimo-nos do sol que, nos proximos meses, vai nos chegar frio e distante, quase querendo nao vir.

no outono, eu me despeco. nao sem um pouco de melancolia, que eh a melancolia o lado mais belo da despedida. caminho por estes caminhos que me fizeram a vida nos ultimos anos pela ultima vez, sorvendo as sensacoes, esticando a memoria, criando paralelos na minha cabeca inquieta.

mas a luz do outono nao permite que esse tempo de despedidas seja triste. olhamos todos pra frente, para a possibilidade do branco infinito da neve, a maciez inigualavel daquele mar alvo que ha de nos ocupar todos os espacos dentro em breve. eu olho pra frente tambem, e vejo o brilho do sol do equador, vejo as areias brancas de iracema, vejo o verde intenso na mata que cobre a montanha ao sul da cidade, o calor que ha de me acompanhar o dia-a-dia.

a infinidade de tons de vermelho, amarelo, roxo e cor-de-laranja colore de beleza a melancolia que me enche o espirito em dias como hoje.

Nenhum comentário:

Postar um comentário