quinta-feira, 11 de junho de 2009

to chegando

aqui ainda eh casa. to chegando devagar, depois de tres semanas e muita coisa vivida, pensada, vista. aqui nao tem ninguem pra colocar mais agua no feijao porque eu to chegando, nao tem rostos risonhos me esperando no aeroporto. o oficial da alfandega diz: welcome home, ma'am. e eh bom, como sempre, ouvir isso. aqui, nao importa o que aconteca, vai ser sempre a minha casa - tambem.
mas me faltam alguns pedacos aqui. esses pedacos faltantes me pesam agora no equilibrio deslocado, que faz o corpo pender pro lado, penso em cair, paro, respiro. sigo em frente. a frase que me vem a mente me diz assim que tudo tem o seu tempo certo, que, de alguma forma tudo vai chegar no seu lugar devido. ninguem nunca morreu de pedaco faltante, eu certamente nao serei a primeira.
o peso dos pedacos que ficaram ao sul da linha do equador, que de uma hora pra outra cresceu de escala, me faz enxergar que eh hora de parar pra pensar no que pode estar por vir. eh preciso tomar um decisao quanto ao rumo, mesmo que seja pra decidir que nao devo mudar o rumo. de alguma forma, tudo vai mesmo chegar no seu devido lugar. esse barco, algum dia, ha de aportar em algum lugar seguro.
boston me recebeu nesse quase meio de junho com chuva, 14 graus e o seu peculiar vento frio. no onibus pra rodoviaria onde esteve estacionado o meu carro nos ultimos 20 e poucos dias, olho ao meu redor e eh tudo diferente. ainda assim, to chegando.

Um comentário:

  1. penso em todos os pedaços faltantes e às vezes falta quase fôlego... mesmo compartilhando o mesmo jornal nacional, um irmão- um lindo irmão- e um primo, que não é pouco, te entendo.
    que falta voce me faz.

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