terça-feira, 20 de dezembro de 2011

sobre a utopia do controle

nem bem sei mais porque eu ainda insisto, mesmo que inconscientemente, em ter, manter e conseguir controle sobre tudo o que acontece na minha vida. vira e mexe, mais frequentemente do que eu gostaria, a vida me mostra que não adianta muito planejar, que não adianta muito racionalizar, que não adianta ir com cautela, que o que tem que ser tem muita força, como me disse uma vez meu avô. quando em vez, a vida vem e me põe numa direção diametralmente oposta àquela que eu estava apontando.
2011 não foi - definitivamente - um ano fácil. me arrastei pelos primeiros meses, tive ilusões de melhora, acreditei que as coisas iam funcionar e, sempre, elas voltavam pra estaca zero, pro ponto morto. enquanto eu me agarrei a qualquer esperança que aparecesse, os dias de 2011 foram passando em câmera lenta, que é como a minha memória registra todo e qualquer tempo difícil que eu já tenha vivido: película de cinema, um slow motion em preto e branco.
acontece que eu sou do time da adélia prado: sou mulher, sou desdobrável, posso com cantigas tristes, minha tristeza não tem pedigree, enquanto minha vontade de alegria tem raiz no meu mil avô. e uma dia, como era pra acontecer, acordei sem querer mais ser feliz e decidi - volto a remar pro norte em breve. fiz planos, escolhi pontos geográficos, mandei cartas, e esperei o chamado. que veio, sim, mas chegou atrasado. chegou uma semana depois que a vida me tirou, pela milésima vez, do controle. chegou depois que eu, sem perceber, virei as costas e saí caminhando na direção contrária.
eu tive medo, é claro. pensei em desistir antes mesmo de começar. pensei em tudo de difícil que eu vivi aqui nesses últimos meses e na possibilidade de ficar por aqui e ter que conviver com algumas dessas coisas todas de novo. mas consegui vencer a inércia, a razão pulei de cabeça nesse precipício. em vez de cair, venho flutuando desde então: estou feliz de novo. integralmente.

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