sábado, 6 de março de 2010

mares de morros

a casa está nas gerais, num vale, entre montanhas arrendondadas, cobertas de uma mata verde. ali, naquela casa, encontrei um bocado do que eu sou hoje. daquele lugar, tenho saudade sempre. daquele lugar, sou parte sempre. pr'aquelas pessoas, eu volto sempre.
em maio de 2009, depois de dois anos sem aparecer, senti lágrimas me subirem aos olhos ao adentrar na cidade. parecia que eu tinha estado ali na semana anterior; os sons, os cheiros, a luz, tudo me era familiar. pouco depois, eu chegava à casa. tinha cheiro de pão de queijo, a casa àquela hora. tinha música tocando, havia braços abertos, beijos muitos, alegria tanta que não cabia nem na gente. a minha sensação era de pertencer. ali, estou em casa.
mais tarde, e ao desenrolar dos dias, a casa tinha cheiro de cada um dos meus quitutes preferidos. marly disse à mila que aviava meus pedidos, um a um. mas pra mim, era mais que isso. mais que meus pedidos aviados com amor, éramos nós todos juntos. éramos nós todos a quentar fogo na cozinha até de madrugada, a sentar na beirada da horta pra esperar marly passar o filé. éramos nós, todos juntos. e parecia que tinha sido ontem a última vez.
amanhã, vou ligar, vou falar com quem mora naquela casa que me acolheu naqueles anos todos. vamos falar de amor. e vai parecer que foi ontem a última vez.

2 comentários:

  1. Bonita esta experiência de retorno às origens, ficar feliz com os sentidos que ela desperta e, especialmente, ser agradecida. Parabéns pelo texto!

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