terça-feira, 19 de maio de 2009

vou dar a volta no mundo

e volto jah!
nas minas gerais, marly prepara a melhor canjiquinha, a melhor feijoada, o melhor arroz com sua (tem til no "a", mas meu teclado nao permite...), a melhor vaca atolada, o melhor de tudo em culinaria mineira. poucos sao os que cozinham como marly cozinha. poucas sao as cervejas tao geladas como a que marly cuidadosamente arruma na geladeira, na hora certa, pra ela ficar no ponto. mas nem de longe isso eh o melhor. o melhor daquela casa, encravada num belo vale mineiro, eh a forca de marly, que agrega todos ao seu redor, com todas as maluquices que lhes sao tao peculiares, com todo aquele amor, que nos envolve a todos, aquece o ambiente. vou ouvir a risada dela a preencher os espacos todos, eh ela que vai me acordar de manha, o pao de queijo no forno, o cafe passadinho, com meu pingo de leite, que ela sabe direitinho do que eu gosto. de noite, nos vamos sentar perto do forno no frio brando do outono das gerais, e vamos ouvir musica e cantar, falar de guimaraes rosa, adelia prado, drummond. ali bem naquela casa, tenho uma familia, a despeito da ausencia dos genes comuns. ali, mais que padrinho e madrinha, tenho um pai, uma mae. ali construi, forjei raizes.
depois tem fortaleza. onde o sol brilha quente mesmo quando chove. onde pequenos me chamam de tia mari, de dindinha, pra me fazer viver de alegria. onde dona zelinda completa 90 anos, com os olhos mais transparentes que eu jah vi na vida. onde eu sou neta, sou filha, sou irma. fortaleza eh porto, onde atraco meu barco pra recuperar forcas. pra passar a tarde inteira na casa da rita - ali naquele apartamento do papicu, onde o vento corre livre do mar ateh o parque do cocoh, tambem tenho uma familia, faco parte. pra passar dias preciosos na fazenda logradouro, na quixada dos monolitos - ali tambem faco parte. fortaleza eh ponto de partida, eh meu norte, embora eu tenha sentido cedo que ali nao pararia. de fortaleza, parto pro mundo. ali, estao raizes, essencia, origem - estar lah reforca em mim o que sou, quem eu sou. fortaleza eh necessidade.
antes de voltar pro canto do mundo que eu escolhi chamar de casa, ainda paro em brasilia, pra completar o brasil dos meus amores. poderia viver sem a terra, sem os cheiros, sem as comidas, sem os sons... gosto disso tudo, mas isso raramente me faz falta. o que me faz falta de verdade sao os meus amores; eh pra eles, e por eles, que eu viajo.

terça-feira, 12 de maio de 2009

ando piegas, sentimental, touchy-feely. minhas musicas preferidas tem sido boleros... maria bethania cantando roberto carlos tambem tem estado no topo da minha parada de sucesso! me emocionei outro dia ouvindo ela cantar 'outra vez', quase borrei o rimmel do olho indo pro trabalho logo de manha cedo. nunca mais ouvi o noticiario da npr - as favas com a guerra do iraque, o preco dos imoveis e a reforma do sistema de saude! ando querendo mais ouvir musica, cantar junto e me emocionar. minha familia, a de sangue e a que escolhi ao longo do caminho da vida, me cerca de amor, de cuidados e atencoes. minha colecao de sobrinhos cresce - como titi mari ou tia mari, eu me realizo . essa semana, ganhei mais uma sobrinha. essa vai se chamar mariana como eu e, nem nasceu, jah me enche de felicidade. brusk, vc tem toda razao quando diz que sobrinho eh uma coisa sem explicacao.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

amor por correspondencia

e-mail numero 1:
TUDU BEM TIA MARI? EU NAO CONCIGO ESPERAR ATE VOCE VINHER PARA CA. NOIS VAMOS SE DIVERTIR MUITO. VOCE LEMBRA DA LITTLE MOMMY? ESTOU SETINDO MUITA SALDADE DE VOCE. TE AMO MUITO.

e-mail numero 2:
Tia Mari, eu te amo. Eu nunca vou te esquecer.Eu sempre quero você aqui, mas eu ainda vou nunca te esquecer porque eu sempre vou te amar. E também eu te amo muito. E você tá sempre no meu coração. E todo dia eu sempre levanto da cama e vou direto para lembrar de você.Tia Mari, eu brinquei muito mas também eu brinquei lembrando de você porque todo dia eu lembro de você. E eu nunca vou no pátio sem você no meu coração porque eu se diverti muito e também eu fiquei com muitas coisas mais com você e eu aqui nessa semana. Porque eu não vou ir passear sem você. E eu sempre quero você aqui pertinho de mim. E também eu amo muito você e eu já fui muitas vezes com a mamãe e o papai no trampolim do Náutico. É muito divertido. Eu brinquei muito. Eu tenho muitos amigos, menos você. E eu nunca quero você longe de mim.Tia Mari, eu também sei muitas coisa mais. Porque eu nunca vou pro carnaval sem você pertinho de mim.Um beijo, tchau tia Mari. Eu te vejo na outra semana.

quando elas foram embora daqui, me disseram: elas sao tao pequenas, vao esquecer de voce depois de algum tempo. e me olharam com um olhar de pena, depois da sentenca declarada. como se jah nao bastasse eu lidar com a mudanca deles, a consequente mudanca na minha vida, a saudade, a falta. nunca disse nada a ninguem, mas confiava secretamente no laco de amor que nos unia entao, que nos une hoje, que ultrapassa barreiras, logica, que nao cabe em palavras. aih estao os emails: da vontade espontanea da mais velha, que, com saudade, escreve ela propria uma mensagem pra tia mari. erros de portugues mais lindos, a saudade, a ansiedade do reencontro que se aproxima. e do ciume da pequena, que tambem quer escrever pra tia mari, que dita pro pai a mensagem do seu proprio jeito.
a tia mari vai dormir feliz, cercada pelo amor das pequenas, sonhando com os abracos de maio, com a mistura de amor, boneca little mommy, saudade e o trampolim do nautico!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Cantiga triste

Toada
Cantiga triste, pode com ela
eh quem nao perdeu a alegria
Adelia Prado

tem um primavera todinha desabrochando ao meu redor. os daffodils, minhas flores preferidas, jah estao ficando com cara de velhos, sinal de que a primavera jah se instalou faz tempo. jah tem tulipas, tem flores de todas as cores cobrindo a copa de todas as arvores. tem abelhas, moscas, besouros. faz dias que uma joaninha caminha pra lah e pra cah na minha janela.
apesar desse explodir da vida ao meu redor, apesar de tantas cores, apesar do verde que volta depois do inverno quase monocromatico, nao tenho tido olhos pra apreciar, nem espirito pra seguir. andei cantando cantiga triste, meus ultimos escritos foram todos tristes, meus pensamentos vinham numa nuvem cinza escuro, a rondar minha cabeca e me impedir de ver o sol.
eu posso com isso. porque pertenco a estirpe dos que nao perdem a alegria. e, por isso, posso me dar ao luxo de cantar cantigas tristes. faz jah algum tempo que aprendi que quando vem tristeza, com ou sem motivo, preciso deixa-la entrar, preciso senti-la. ela vai-se um dia, mais cedo ou mais tarde. tristeza nenhuma faz parte de mim, apesar de carregar algumas dores que nao tem jeito, umas saudades que nao vao passar.
hoje, voltando pra casa, ouvindo maria bethania cantar como soh ela pode uma oracao pra nossa senhora das candeias, fui invadida por uma sensacao de bem-estar. adivinhava o que estava por vir. a mila disse alo ao telefone e, impressionada com o fato de que estava pra me ligar quando o telefone tocou, me deu com a voz doce que soh as irmas conseguem ter, as boas noticias.
aviso aos navegantes: a partir de hoje, canto cantigas alegres novamente!

domingo, 26 de abril de 2009

segundo chico buarque: a saudade doi como um barco, que aos poucos descreve um arco, e evita atracar no cais. peguei emprestadas as palavras do chico, pra dizer que estou com saudade, que penso nos meus todos os dias, que queria mesmo era estar lah e nao aqui. e que soh mesmo o medo de jogar tudo pro alto e me arrepender muito depois me fazem permanecer, continuar, seguir. to chegando em maio, tomara que seja a tempo de aliviar alguma dor.

nao to triste. estou preocupada, eh diferente. estou levando minha vida aqui, por dias alheia a primavera que desenrola rapido bem na minha janela. as flores todas, mais as folhas que brotam e colorem de verde em varios tons o mundo antes cinza e marrom, fazem meus dias mais felizes. dirigindo, andando, passando, por uns poucos segundos quase esqueco que queria estar lah e nao aqui. seria de lascar se, alem de tudo, estivesse frio. nesse ponto, o universo conspirou ao meu favor: pelo menos, eh primavera!

nao ha de ser nada! reafirmo pra mim mesma em pensamento mil vezes ao dia. rezem, mandem energia boa, facam pensamento positivo. eu tambem rezo, mando as energias boas que me restam, faco pensamento positivo.

domingo, 19 de abril de 2009

passagem

do tempo: faz quase um ano, nessa mesma epoca, eu estava a me preparar pra ir a portugal, passar uns dias com o cah e a aninha. e depois pra espanha. mamae hoje me mandou um email com fotos da espanha - ela sabe que a espanha me toca no fundo. na mensagem, ela dizia: a espanha eh infinita! eh mesmo, mae, a espanha eh infinita...
do espaco: eu faria qualquer coisa pra ir pra salvador nos proximos dias. qualquer mesmo. jah mexi aqui e ali, investiguei umas possibilidades. sei que ainda nao eh o momento de tomar uma atitude assim as pressas, com o juizo quente. preciso ter calma e esperar o desenrolar dos fatos. mas se o bicho pegar, aviso aos navegantes: nada me segura no hemisferio norte. ah, seu eu estivesse mais perto...
das estacoes: o mundo ao meu redor estah cheio de daffodils amarelos que me fazem sentir menos peso nos ombros. tao leves e belos os daffodils! tem brotos verdes, vermelhos, arroxeados nas arvores, nos arbustos, as gramas estao verdinhas. a primavera explode de uma hora pra outra.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

doze

nos jah fomos doze. jah brincamos todos juntos, jah brincamos em fracoes, jah brincamos uns contra os outros. jah brigamos por quinze minutos, umas poucas horas, nunca mais que isso. jah passamos ferias na serra, sob as regras rigidas dele, sob a luz e o comando dela, jogando king de noite na mesa redonda da sala. jah tivemos que fazer silencio depois do almoco pra que eles dormissem. jah fugimos pra tomar banho de piscina quando ainda tinha muita comida na barriga. jah encontramos urucum na mata, nos pintamos de indio, sujamos os tenis novos comprados pro ano letivo, levamos bronca. jah arrancamos um pedaco da parede, quase todos na rede, a balancar, balancar, balancar, numa tarde sem fim de aventuras. jah nos perdemos pela vida, nos perdemos uns dos outros. fomos morar em paises do mundo, estivemos longe, passamos meses sem contato. soh havia sempre a certeza: um dia nos reencontrariamos.
ainda somos doze. apesar dos materialistas que nos negam a feh, que nao creem eles mesmos no que estah por vir. nao, nao podemos nos reunir em doze, nosso todo sempre falta um pedaco. nao tiramos mais a foto de todos - nao dah. ainda nos reunimos, ainda brincamos todos juntos, brincamos em fracoes. temos adicoes, nos agregamos. nao passamos ferias na serra em grupos grandes - nao cabemos mais. nos encontramos todos na fazenda, na joatama, sob as regras nao tao rigidas do filho deles, que, de noite, toca violao - cantamos todos - que bebe cachaca com todo mundo, que conta historias, partilha. de dia, nos reunimos ao redor da geracao que nos substituirah um dia: reeditamos as brincadeiras e, como eles fizeram um dia, preparamos o terreno pra que sejam amigos, que se queiram bem como nos, os doze, nos queremos. elas, tambem filhas deles, cuidam de tudo e todos, supervisionam. saimos daqueles dias na fazenda todos mais fortes e partimos, a nos espalhar pelo mundo. no fim, soh ha sempre uma certeza: um dia nos reecontraremos.