sexta-feira, 20 de agosto de 2010

toró

bendito seja o youtube numa noite solitária de sexta-feira:

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

fortaleza

o nome dela remete a força, proteção. ela deveria ser, então, onde nos sentimos seguros.
nos reencontramos eu e ela já fazem uns dias. eu a vi da janela do avião, a me apresentar seu cartão postal: um mar azulverdeturquesa, o litoral recortado por rios, ruas quadradinhas, uma beleza.
de perto, ela não é bela, apesar do slogan desastroso. de perto, ela me parece pequena. não em números, esses parecem quase todos tender ao superlativo. de perto, ela é pequena em expressão. são buracos, engarrafamentos, falta de educação e de respeito, crimes, liberdades tolhidas, desejos reprimidos, oportunidades escassas e tantas mil outras coisas que não permitem que ela se engrandeça, que os seus se engradeçam junto. formamos, nós e ela, um amontoado que se apequena todo dia, um pouco de cada vez, sem que ninguém perceba. um amontoado que se engasga toda vez que quer se expressar, que quer projetar sua voz pra frente, que quer ser diferente de alguma forma.
todos nós somos: o menino que pede dinheiro na porta da padaria, o velho que está sempre no sinal da oswaldo cruz com antonio sales a sacudir moedinhas na mão em busca de mais, os jovens que cuidam dos carros estacionados, a moça que nos fita de dentro do ônibus apinhado de gente. de nada adianta você estar em seu carro, de ar condicionado ligado, falando ao celular ou ouvindo no rádio um clássico da música popular brasileira. você continua sendo todos aqueles que ela, a fortaleza, exclui.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

a maré ainda não baixou mas,

preciso dizer, registrar, que não há nada melhor nesse mundo do que três seres que me chamam carinhosamente de tia mari, que me dão os abraços mais apertados desse mundo e me brindam com sorrisos de vida quando me vêem. e entendem que eu preciso estar longe por agora, mas pedem pr'eu ficar mais um pouquinho, mesmo sabendo que eu não vou poder. e, diante da resposta negativa e da devida explicação do porquê dela, aproveitam quaisquer quinze minutos que nos restem da maneira mais intensa que podem. somos eu e eles nessede dez ou quinze minutos e nada mais.
volto quando a maré baixar.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

a quem interessar possa

vem coisa nova por aí.
e por isso, preciso me retirar, me preparar para o desafio.
e como acontece em toda mudança, em toda transição: aí vem vindo um novo horizonte. já o venjo ao longe, mas ele ainda não é concreto o suficiente para que eu possa tocá-lo. vou ali correr atrás de tudo o que eu preciso e volto quando a maré dessa transição estiver baixa.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

o que está por vir

hoje, no parque, helena - a menina dos olhos de gato - me diz assim:
-titi mari, men can marry men and women can marry women. but men can also marry women and women can marry men. everybody can marry everybody.
parece que tem uma geração diferente vindo aí... parece que, como cantou lulu santos, tem uma geração de "gente fina, elegante e sincera, com habilidade pra dizer mais sim do que não". que tem a cabeça aberta e aceita o amor, qualquer que seja a forma como ele manifesta.
esse mundo precisa tanto desse aprendizado! só consigo crer num mundo melhor do que esse que temos aí, se ele incluir que sejam aceitas as diferenças quanto à cor, ao credo, à cultura e à orientação sexual.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

palavras emprestadas

já que a falta de ócio tem me impedido de criar, continuo pegando emprestadas as palavras dos outros. então, aqui vai, uma música do gilberto gil, a quem admiro profundamente tanto por sua música, como por sua sensível e delicada capacidade de juntar palavras:

sábado, 3 de abril de 2010

me calo...

... e ele fala:

Estou solto no mundo largo.
Lúcido cavalo
com substância de anjo
circula através de mim.
Sou varado pela noite, atravesso os lagos frios,
absorvo epopéia e carne,
bebo tudo,
desfaço tudo,
torno a criar, a esquecer-me:
durmo agora. Recomeço ontem.


Carlos Drummond de Andrade, fragmento do poema Idade Madura